Veritas Ipsa

sábado, 25 de dezembro de 2010

A GRANDE REVELAÇÃO: O MESSIAS



Cristo, o homem histórico, é verdadeiramente o Filho de Deus, o Messias prometido aos judeus

Na época em que Jesus viveu, mais do que nunca, aguardava-se a vinda do Messias; no entanto, tinha-se falseado o conceito que fora dado sobre Ele aos Profetas. Em sua grande maioria, os judeus contemporâneos de Jesus esperavam um Messias que lhes traria bonança, um grande chefe político.

Os três conceitos errados sobre o Messias eram:

1. O reino messiânico seria um período de prosperidade material, sem cansaço nem dores, livre do domínio estrangeiro. Os próprios Apóstolos não concebiam [inicialmente] que Jesus viera falar de morte na cruz para atrair a Si todas as coisas.

2. Os rabinos concebiam o futuro Messias como um chefe político, restaurador da dinastia davídica.

3. A terceira corrente fazia coincidir a vinda do Messias com o fim o do mundo. O reino messiânico se realizaria em outra vida (=visão escatológica).

Apesar destas falsas concepções, existia um "pequeno resto" de pessoas que possuía uma ideia exata do Messias: o Messias, simultaneamente Sacerdote e Vítima, sacrificaria sua vida para libertar-nos do pecado e restaurar a amizade entre Deus e os homens. Neste grupo encontramos, com Maria, sua prima Isabel (Lucas 1,41-46), o velho Simeão (Lucas 2,30-32), a profetiza Ana (Lucas 2,38) e, sobretudo, João Batista (Mateus 3,2-12), além do essênios, uma seita que as recentes descobertas no Mar Morto nos permitiram conhecer melhor e à qual [provavelmente] pertencia João Batista.

Por causa dessas distorções, Jesus, para demonstrar sua Messiandade, empregou uma tática prudente para não causar demasiado escândalo: toma o título de "Filho do Homem" (Daniel 7,13-14).

Em primeiro lugar, aceita o testemunho de João Batista (João 1,29-30). Declara abertamente sua Messiandade perante a samaritana (João 4,25-26), perante Nicodemos (João 3,13-18) e, de maneira contundente, perante Caifás, durante seu próprio julgamento (Mateus 26,63-64).

Ao mesmo tempo, apresenta-se também perante o mundo como o Filho de Deus: "Ninguém conhece o Pai senão o Filho" (Mateus 11,27). Revela-nos sua íntima união com o Pai, com o qual se identifica. Esta afirmação, totalmente original, não se encontra em nenhum outro fundador de religiões; a apreciamos na profissão de fé de Pedro (Mateus 16,18). A manifestação mais clara que possuímos nos Sinóticos acerca da divindade de Jesus encontra-se na resposta que Ele deu diante do sumo sacerdote Caifás, no Sinédrio:

"Conjuro-te pelo Deus vivo, que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus" (Mateus 26,63). Jesus respondeu: "Tu o disseste. E vos declaro que desde agora vereis o Filho do homem sentado à direita do Pai, a vir sobre as nuvens do céu" (Mateus 26,64).

A divindade de Jesus é ainda mais clara no Evangelho de São João. Citemos alguns textos:

- "E o Verbo era Deus" (1,1).

- "Eu e o Pai somos um" (10,30).

- "Eu vos digo e não acreditais. As obras que faço em nome do meu Pai dão testemunho de Mim. Mas vós não acreditais porque não sois ovelhas minhas" (10,25-26).

Resta-nos ainda como testemunho a própria ação de Jesus durante a sua vida pública. Em primeiro lugar, fala de aperfeiçoar a Lei dada por Deus ao povo judaico, e apenas Ele pode exercer domínio sobre as coisas de Deus (Mateus 34-36, Juízo Final). Proclama-se também o próprio fim da lei moral, coisa que apenas Deus pode pretender. Por outro lado, proclama-se mais digno de amor que todas as pessoas queridas, mais ainda que a nossa própria vida (Mateus 10,37 e Mateus 16,25). Por consequência: JESUS SE APRESENTA COMO DEUS.

A linguagem de certas expressões evangélicas somente é compreendida se se tem esta perspectiva da divindade de Cristo:

- "Eu sou a ressurreição e a vida" (João 11,25).

- "Eu sou a luz do mundo" (João 8,12).

- "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14,6).

- "Quem não recolhe comigo, espalha" (Mateus 12,30).

Quando cura os doentes, etc., opera diretamente por sua própria vontade: "Quero. Fica limpo" (Mateus 8,3).

Assume também o direito de perdoar os pecados, que é algo que compete apenas a Deus: "Confia, filho: teus pecados te são perdoados" (Mateus 9,2).

Age como Deus quando a tempestade sacode o barco e ameaça afundá-lo; Jesus desperta e ordena ao mar: "Cala-te. Acalma-te" (Marcos 4,39).

Por fim, durante toda a sua vida, Jesus nunca tem dúvida, nem titubeia. Pronuncia os juízos mais decisivos e comprometidos sobre os problemas humanos mais graves, sem que jamais sua inteligência acuse o mínimo esforço, sem se ver obrigado a refletir antes de responder, visto que o que sabe não provém em razão do estudo ou do raciocínio.

Autor: Sagrada Congregação para o Clero
Fonte: www.clerus.org
Tradução: Carlos Martins Nabeto