A ACUSAÇÃO COMUM:
A Igreja Católica é idólatra porque possui em seus recintos imagens de escultura, as quais foram proibidas pelo 2º Mandamento da Lei de Deus (Êxodo 20).
A VERDADE, CÁ:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRWaUE6AHEnsEKIPS9_S2RVE-zB07wTtqKB6omnBYnQAWcc5UZYHqdZ9q5AtzhONucPVJQ_XbYi4VWnmRgQKp3OP3pjMFxsZjCN8ognT2MHfw4bVB5INESwN5mtQeU-UEwyooJPNmAA3Y/s200/arca.jpg)
"O [1º] Mandamento divino incluía a proibição de toda representação de Deus por mão do homem. O Deuteronômio explica: 'Uma vez que nenhuma forma vistes no dia em que o Senhor vos falou no Horeb, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo...' (Dt 4,15-16). Eis aí o Deus absolutamente transcendente que se revelou a Israel. 'Ele é tudo' mas, ao mesmo tempo, ele está 'acima de todas as suas obras' (Eclo 43,27-28). Ele é 'a própria fonte de toda beleza criada' (Sb 13,3).
No entanto, desde o Antigo Testamento [o próprio] Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à salvação através do Verbo encarnado, como são a serpente de bronze (cf. Nm 21,4-9; Sb 16,5-14; Jo 3,14-15), a arca da aliança e os querubins (cf. Ex 25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26).
Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que o sétimo Concílio ecumênico, em Nicéia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova 'economia' de imagens.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFvpM9fzMRyaVjOcMbbS7gN6cXocFOcaf1yAKDmP2L43ma-2weDTM9QubvQlIcfo26LFKf5fdyU8ET9__L6-WmQhZ-uAauAiQAG66FJ3TBTuGkGGHWlx6rh_u-CIRn0uoExUF8jUAZTkM/s200/serpente.jpg)
O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro mandamento que proíbe os ídolos. De fato, 'a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original' (São Basílio, Spir. 18,45), e 'quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada' (II Concílio de Nicéia, DS 601; cf. Concílio de Trento, DS 1821-1825; Concílio Vaticano II, SC 126, LG 67). A honra prestada às santas imagens é uma 'veneração respeitosa', e não uma adoração, que só compete a Deus:
'O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem' (S. Tomás de Aquino, Suma Teológica 2-2,81,3,ad 3)" (Catecismo da Igreja Católica, §§ 2129-2132).
AS SEMENTES DA VERDADE, LÁ:
I. "Na primavera de 1522 aconteceu, em Wittenberg, o início de uma das maiores catástrofes na história da humanidade. O conselho da cidade determinara a retirada das imagens das igrejas. Quando se começou a executar a decisão dos conselheiros municipais, a multidão reunida na frente da igreja da cidade invadiu o templo, arrancou as imagens das paredes, quebrou-as e terminou por queimar tudo do lado de fora. Em questão de minutos, uma paixão brutal destruiu o que para gerações de cristãos fora objeto de veneração religiosa. (...) Onde os iconoclastas passaram, os templos ficaram como lavouras após uma chuva de granizo. (...)
Igual a uma epidemia o iconoclasmo se alastrava por todas as regiões. (...) E o mais interessante é que são poucos os historiadores que se referem a ele, permitindo que o iconoclasmo continue a ser praticado até os nossos dias. (...) O terrível disso tudo é que cristãos, munidos de machados e martelos, se levantaram contra objetos sacros, em locais consagrados, ante os quais até há pouco se haviam ajoelhado. (...) Cristãos destruíram a linguagem da imagem que durante séculos havia orientado os cristãos. E o culpado pela destruição não foi o povo, mesmo que ele tenha realizado a ação; os culpados foram os pregadores que, a partir do púlpito, incitaram ao iconoclasmo. (...)
O mentor intelectual do iconoclasmo em Wittemberg foi Andreas Bodenstein, de Karlstadt. (...) Ardoroso em sua maneira de ser, mas falho no tocante à reflexão sobre a consequência de seus atos, Karlstadt assumiu a direção do movimento reformatório em Wittemberg enquanto Lutero se encontrava no Wartburgo. (...) No inverno de 1521/22, [Karlstadt] escreveu e publicou livreto com o título 'Da Eliminação das Imagens'. O livro é diminuto, tem poucas páginas, mas teve grandes consequências, provocando a destruição de muitas obras-de-arte. Segundo Karlstadt, não se pode tolerar imagens nas igrejas, pois afrontam o primeiro mandamento. Os 'ídolos de óleo' colocados sobre os altares, são invenção do demônio. Karlstadt tomou posição não somente contra esculturas, mas contra pinturas, a nova tendência na arte do Renascimento e da Reforma. (...) Há autores que consideram Karlstadt o primeiro puritano. Assim, o emergente puritanismo seria responsável pelo iconoclasmo. (...)
Um outro momento parece ser importante para entender a onda iconoclasta: o biblicismo. (...) Na Reforma se expressou a convicção de que somente a palavra havia de vencer. (...) Para o mundo da Reforma, que tomava o cristianismo primitivo como norma e exemplo, não podia haver lugar para a imagem. Não é de se admirar que parte considerável do protestantismo tenha assumido as concepções de Karlstadt e que Calvino tenha em sua 'Institutas' um capítulo dedicado a todos os argumentos que podem ser usados contra as imagens. (...)
Quais as consequências desse fato? O século XVI não mais entendeu a linguagem das imagens e, por isso, as destruiu, produzindo consequências caóticas e cegueira. (...) Com a retirada das imagens do interior das igrejas protestantes destruiu-se o pensamento simbólico tão constitutivo para o cristianismo. E o pensamento simbólico é pensamento religioso propriamente dito. É na linguagem simbólica que se expressa a experiência do espiritual. Quando essa forma de pensamento não-conceitual deixa de ser usada ou é ridicularizada, produz-se a destruição de uma das disposições religiosas do ser humano. Quando se destruíram as imagens, destruiu-se o elemento que deixa o que é cristão transformar-se em sentimento.
A imagem provoca e confirma o pensamento simbólico, sem o qual não se pode imaginar religiosidade viva. Observando imagens religiosas aprendemos a sentir simbolicamente. A melhor forma de introduzir crianças no mundo de concepções cristãs é através de imagens. Quando aprendemos a ver a imagem apenas como 'ídolo', destruímos a percepção para o pensamento simbólico. (...) Quando o ser humano não é mais capaz de pensar e de ver símbolos em uma tradição cristã viva, sua consciência religiosa fica esclerosada. (...)
No início, Lutero tinha dificuldades com as imagens e afirmava que seria melhor se não existissem. (...) Mas quando Karlstadt deu início à onda iconoclasta, nela nada mais viu do que vandalismo, que estava prestes a destruir a liberdade evangélica e a reintroduzir a lei. Por isso, Lutero passou pouco depois a afirmar que imagens são memoriais e testemunhos e como tais devem ser toleradas. Além disso, chegou a afirmar que, se pudesse, mandaria pintar toda a Bíblia dentro e fora das casas. Sua postura em favor da pintura e das imagens tornou-se mais do que evidente desde a publicação dos catecismos (1529).
As imagens movem a fé das crianças e dos simples. A fé cristã não se dirige, para ele, apenas aos ouvidos, mas também aos olhos das pessoas. (...) A arte sacra deve ser meditada, e meditação não é pensamento lógico. Meditar é silenciar para que Deus possa falar. Nos últimos 500 anos, em razão do iconoclasmo, o pecado humano não tem deixado Deus falar; só fala o homem" (DREHER, Martin N. "Coleção História da Igreja", vol. 3. São Leopoldo:Sinodal, 1ª ed., 1996, págs. 53-57).
II. Diversas denominações cristãs expõem para seus fiéis imagens de escultura, como podemos verificar em alguns exemplos:
1. Crucifixo de parede ortodoxo (comercializado pela The Celtic Rebel)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNLON28R8VSGApnwkW9gs2xpfLuOSERPyDSaxE7Qbb1WGmFled62tQI5FBQ-F0Jk_oICaeUnLfyV0lbzctKWihgbZc4MYN_K__6l21gI0FS0WxfFvChkK0f_ttMtokb7X195uoTTYR2lQ/s200/imgcruxortod.jpg)
2. Igreja Luterana Cordeiro de Deus (Pleasant Prairie, WI, EUA) - Jesus recebendo o batismo de S. João Batista
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBi8J4ymMsNi2Tssugbv19xjcPaz1ef5PIb-YqMQC06pfwedGqYkriVJxO8ZNvz70maldOiFfy_JQk98C6mQLMUAbYcU2TjDNvnIB30F_fjRkj4CK2ZPxKkyiPUrgpKDmUTI6fgcYr-TU/s200/imgluterana.jpg)
3. Igreja Luterana Cristo Ressuscitado (Colorado, EUA) - Crucifixo perpétuo sobre o altar
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinvw8NTfzVSQ2ScCHoUKyEMJ6t81BNUE8F0lBNqHFBSNekJynxhOUtCg2Ip5bkBdm4_uIXRR8pkZoFbF4L1nTb85WhHLmEK8AIyGrVHSAuiyu06CEu1r6XRzqJMwU_KZSop7H6U8XpNs0/s200/imgcruxlut.jpg)
4. Igreja Anglicana de Todos os Santos (Melbourne, Austrália) - Cristo crucificado tendo ao seu lado sua Mãe Maria e seu discípulo amado João Evangelista
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPEf-7r61E-8vGiAgP8R9DagaD7FMEVoc91JTa5Wv6fH466t2o5hE-ULfYmXdm9V5uiy-7acLsqN2Qn4Q0g3pnROJFjCCtHOgCLNmGWnWTSy4tuNxnQQsuUuWMMLRDjP-5j65p_Z76epc/s200/imgangl.jpg)
5. Sede da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Toronto, Canadá) - A Volta de Cristo (cf. Revista Adventista, de Agosto de 2000)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJFpy2wMj2q-TGgQ2GHjO9JnZCQsFQUtRyj9Igj3L5BBdfm51XB0KbSgKdfhyphenhyphenpiY1Ox1xCIpdale3AdamwBVCWnpzKesa0CLWZzIRpKEAt-9P6X2tScGJAv-41G1PwSOjM7MLKKc944Kc/s200/imgadvent.jpg)
6. Sede da Conferência Geral da IASD (Toronto, Canadá) - Cristo Rei ressuscitado - Revista Adventista (ago/2000)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvdRKIvFl_h1AoWFkXmTyc9lwVpQH-HU2llWH2WLIVC0L_8U6rpW2NXz-VoRplNxratU3vDCfOLNgos5yplG8Q-EziXMLJEaaTJwbwgae6GgrafvVrEPV8nDFQoktaW87mMhjfod0maG0/s200/imgadvent2.jpg)
7. Templo Mórmon (Salt Lake City, UT, EUA) - Estátua de um anjo sobre o templo - Revista "Despertai" (08.11.1995)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj25QMSnAi6FiZg0dSf3tLQhgcj1OqXyPo9hYJVa3W_a1na-YRlV72Nt1aLsiDwqktFeswqGxI5f5TIUh0nd-CtsmsP-1HjhL_a19VCKi-K82eCyin3kGDJz6KEdWHMFCkluQKw1LJKZXM/s200/imganjo.jpg)
III. Conforme o "Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa" (São Paulo:Saraiva, 18ª ed., 2008):
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2sf_FEl7jj5KgjRxyNXDrCdvEC8uISMLXKy7jzi5g0HKnvmN5PI1D0RJc-hy2Oh5v6nB5oXBv2ykPYn8poWOgvqk-PEG_ILyRHoUQn8DVu8ZCxSyGpYyUAFlKwH1PwKrTsrC2I4gOiq0/s200/cruzgrega.jpg)
- IMAGEM = "1. Figura que representa uma pessoa ou um objeto por meio de desenho, pintura, escultura, etc.; 2. Estampa que representa ordinariamente um assunto religioso; 3. Reflexo no espelho, na água, numa superfície polida; 4. Símbolo, figura".
- ESCULTURA = "1. Arte [humana] de esculpir, estatuária; 2. Obra de escultor".
- ESCULPIR = "1. Gravar, entalhar; 2. Deixar gravado, imprimir".
A partir destes simples conceitos objetivos, é possível afirmar categoricamente que até mesmo uma simples cruz (sem a imagem do crucificado) - confeccionada por arte humana em madeira, ferro ou qualquer outro material que proporcione uma visão em 3ª dimensão (isto é, com altura, largura e profundidade) - pode ser considerada como uma autêntica e legítima "imagem de escultura".
Neste sentido, boa parte das denominações cristãs (inclusive as acima exemplificadas) ostentam esta simples imagem de escultura à vista de todos os seus fiéis:
1. Culto público em uma Igreja Universal do Reino de Deus (Vera Cruz, México)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzNasQMZ70jtCyzUWQUZi6Bvtu2-QZpkLBfcyHuQKb1Iwft56ubQGUsPjn2NhMoFRZXorP0cY7Fr9LNghTJ8hY20wLybKLcIKbjbBFDDGtt9HgNyAJR33B7Pjq9IsvkfofHakei6z82Ig/s200/cruziurd.jpg)
2. Culto público em uma Igreja Metodista (Ubatuba-SP, Brasil)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWep7ESfAlPiZyBKaT5GRy0dfxWYU5P9XMZoxA7YlAgWQd5OtreOWXC1xfwmvtSPGNoHg9MmICmPOwcQGoUYlSMMN4Av7CORkGbcfsPRjHSiiWZXicnmLzJYYtoHH89mV7XoNWFBnleE4/s200/cruzmetod.jpg)
3. Culto público em uma Igreja Presbiteriana (Bebedouro-Arazede, Portugal)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCv-YTiCG5BVqkiFI_msgskEvbi_TWyHiOZQxdRErDWX7NcYTFeN975FkIIM-DuMVXYue_9S1ILHFAk3sUaPuYVsnQkDZxF_fXAu4Ptw-K5Aak3_qYN7xPcAk7823lJa_gf45TgPaxPYc/s200/cruzpresb)
4. E, para fechar com chave de ouro: Cruz decorada para culto de Páscoa na 1ª Igreja Congregacional de Webster Groves (EUA)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhypM2y_r_SP9TaN3K__0CJNmE3I8uYV3-yYf2iZbRa379o9ksZgw3_-wdkF6WXCkKgTaEMCAJeKygPjqOrK-njcori2KM_e98fRYFN3EST5DzpNp02qg2q6AJgvRRuIcKiIAIbb4GWLUA/s200/cruzcongr.jpg)
e os exemplos poderiam se multiplicar ao infinito...
A Igreja Católica é idólatra porque possui em seus recintos imagens de escultura, as quais foram proibidas pelo 2º Mandamento da Lei de Deus (Êxodo 20).
A VERDADE, CÁ:
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRWaUE6AHEnsEKIPS9_S2RVE-zB07wTtqKB6omnBYnQAWcc5UZYHqdZ9q5AtzhONucPVJQ_XbYi4VWnmRgQKp3OP3pjMFxsZjCN8ognT2MHfw4bVB5INESwN5mtQeU-UEwyooJPNmAA3Y/s200/arca.jpg)
"O [1º] Mandamento divino incluía a proibição de toda representação de Deus por mão do homem. O Deuteronômio explica: 'Uma vez que nenhuma forma vistes no dia em que o Senhor vos falou no Horeb, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo...' (Dt 4,15-16). Eis aí o Deus absolutamente transcendente que se revelou a Israel. 'Ele é tudo' mas, ao mesmo tempo, ele está 'acima de todas as suas obras' (Eclo 43,27-28). Ele é 'a própria fonte de toda beleza criada' (Sb 13,3).
No entanto, desde o Antigo Testamento [o próprio] Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziriam simbolicamente à salvação através do Verbo encarnado, como são a serpente de bronze (cf. Nm 21,4-9; Sb 16,5-14; Jo 3,14-15), a arca da aliança e os querubins (cf. Ex 25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26).
Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que o sétimo Concílio ecumênico, em Nicéia (em 787), justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e de todos os santos. Ao se encarnar, o Filho de Deus inaugurou uma nova 'economia' de imagens.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFvpM9fzMRyaVjOcMbbS7gN6cXocFOcaf1yAKDmP2L43ma-2weDTM9QubvQlIcfo26LFKf5fdyU8ET9__L6-WmQhZ-uAauAiQAG66FJ3TBTuGkGGHWlx6rh_u-CIRn0uoExUF8jUAZTkM/s200/serpente.jpg)
O culto cristão de imagens não é contrário ao primeiro mandamento que proíbe os ídolos. De fato, 'a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original' (São Basílio, Spir. 18,45), e 'quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada' (II Concílio de Nicéia, DS 601; cf. Concílio de Trento, DS 1821-1825; Concílio Vaticano II, SC 126, LG 67). A honra prestada às santas imagens é uma 'veneração respeitosa', e não uma adoração, que só compete a Deus:
'O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem' (S. Tomás de Aquino, Suma Teológica 2-2,81,3,ad 3)" (Catecismo da Igreja Católica, §§ 2129-2132).
AS SEMENTES DA VERDADE, LÁ:
I. "Na primavera de 1522 aconteceu, em Wittenberg, o início de uma das maiores catástrofes na história da humanidade. O conselho da cidade determinara a retirada das imagens das igrejas. Quando se começou a executar a decisão dos conselheiros municipais, a multidão reunida na frente da igreja da cidade invadiu o templo, arrancou as imagens das paredes, quebrou-as e terminou por queimar tudo do lado de fora. Em questão de minutos, uma paixão brutal destruiu o que para gerações de cristãos fora objeto de veneração religiosa. (...) Onde os iconoclastas passaram, os templos ficaram como lavouras após uma chuva de granizo. (...)
Igual a uma epidemia o iconoclasmo se alastrava por todas as regiões. (...) E o mais interessante é que são poucos os historiadores que se referem a ele, permitindo que o iconoclasmo continue a ser praticado até os nossos dias. (...) O terrível disso tudo é que cristãos, munidos de machados e martelos, se levantaram contra objetos sacros, em locais consagrados, ante os quais até há pouco se haviam ajoelhado. (...) Cristãos destruíram a linguagem da imagem que durante séculos havia orientado os cristãos. E o culpado pela destruição não foi o povo, mesmo que ele tenha realizado a ação; os culpados foram os pregadores que, a partir do púlpito, incitaram ao iconoclasmo. (...)
O mentor intelectual do iconoclasmo em Wittemberg foi Andreas Bodenstein, de Karlstadt. (...) Ardoroso em sua maneira de ser, mas falho no tocante à reflexão sobre a consequência de seus atos, Karlstadt assumiu a direção do movimento reformatório em Wittemberg enquanto Lutero se encontrava no Wartburgo. (...) No inverno de 1521/22, [Karlstadt] escreveu e publicou livreto com o título 'Da Eliminação das Imagens'. O livro é diminuto, tem poucas páginas, mas teve grandes consequências, provocando a destruição de muitas obras-de-arte. Segundo Karlstadt, não se pode tolerar imagens nas igrejas, pois afrontam o primeiro mandamento. Os 'ídolos de óleo' colocados sobre os altares, são invenção do demônio. Karlstadt tomou posição não somente contra esculturas, mas contra pinturas, a nova tendência na arte do Renascimento e da Reforma. (...) Há autores que consideram Karlstadt o primeiro puritano. Assim, o emergente puritanismo seria responsável pelo iconoclasmo. (...)
Um outro momento parece ser importante para entender a onda iconoclasta: o biblicismo. (...) Na Reforma se expressou a convicção de que somente a palavra havia de vencer. (...) Para o mundo da Reforma, que tomava o cristianismo primitivo como norma e exemplo, não podia haver lugar para a imagem. Não é de se admirar que parte considerável do protestantismo tenha assumido as concepções de Karlstadt e que Calvino tenha em sua 'Institutas' um capítulo dedicado a todos os argumentos que podem ser usados contra as imagens. (...)
Quais as consequências desse fato? O século XVI não mais entendeu a linguagem das imagens e, por isso, as destruiu, produzindo consequências caóticas e cegueira. (...) Com a retirada das imagens do interior das igrejas protestantes destruiu-se o pensamento simbólico tão constitutivo para o cristianismo. E o pensamento simbólico é pensamento religioso propriamente dito. É na linguagem simbólica que se expressa a experiência do espiritual. Quando essa forma de pensamento não-conceitual deixa de ser usada ou é ridicularizada, produz-se a destruição de uma das disposições religiosas do ser humano. Quando se destruíram as imagens, destruiu-se o elemento que deixa o que é cristão transformar-se em sentimento.
A imagem provoca e confirma o pensamento simbólico, sem o qual não se pode imaginar religiosidade viva. Observando imagens religiosas aprendemos a sentir simbolicamente. A melhor forma de introduzir crianças no mundo de concepções cristãs é através de imagens. Quando aprendemos a ver a imagem apenas como 'ídolo', destruímos a percepção para o pensamento simbólico. (...) Quando o ser humano não é mais capaz de pensar e de ver símbolos em uma tradição cristã viva, sua consciência religiosa fica esclerosada. (...)
No início, Lutero tinha dificuldades com as imagens e afirmava que seria melhor se não existissem. (...) Mas quando Karlstadt deu início à onda iconoclasta, nela nada mais viu do que vandalismo, que estava prestes a destruir a liberdade evangélica e a reintroduzir a lei. Por isso, Lutero passou pouco depois a afirmar que imagens são memoriais e testemunhos e como tais devem ser toleradas. Além disso, chegou a afirmar que, se pudesse, mandaria pintar toda a Bíblia dentro e fora das casas. Sua postura em favor da pintura e das imagens tornou-se mais do que evidente desde a publicação dos catecismos (1529).
As imagens movem a fé das crianças e dos simples. A fé cristã não se dirige, para ele, apenas aos ouvidos, mas também aos olhos das pessoas. (...) A arte sacra deve ser meditada, e meditação não é pensamento lógico. Meditar é silenciar para que Deus possa falar. Nos últimos 500 anos, em razão do iconoclasmo, o pecado humano não tem deixado Deus falar; só fala o homem" (DREHER, Martin N. "Coleção História da Igreja", vol. 3. São Leopoldo:Sinodal, 1ª ed., 1996, págs. 53-57).
II. Diversas denominações cristãs expõem para seus fiéis imagens de escultura, como podemos verificar em alguns exemplos:
1. Crucifixo de parede ortodoxo (comercializado pela The Celtic Rebel)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNLON28R8VSGApnwkW9gs2xpfLuOSERPyDSaxE7Qbb1WGmFled62tQI5FBQ-F0Jk_oICaeUnLfyV0lbzctKWihgbZc4MYN_K__6l21gI0FS0WxfFvChkK0f_ttMtokb7X195uoTTYR2lQ/s200/imgcruxortod.jpg)
2. Igreja Luterana Cordeiro de Deus (Pleasant Prairie, WI, EUA) - Jesus recebendo o batismo de S. João Batista
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBi8J4ymMsNi2Tssugbv19xjcPaz1ef5PIb-YqMQC06pfwedGqYkriVJxO8ZNvz70maldOiFfy_JQk98C6mQLMUAbYcU2TjDNvnIB30F_fjRkj4CK2ZPxKkyiPUrgpKDmUTI6fgcYr-TU/s200/imgluterana.jpg)
3. Igreja Luterana Cristo Ressuscitado (Colorado, EUA) - Crucifixo perpétuo sobre o altar
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinvw8NTfzVSQ2ScCHoUKyEMJ6t81BNUE8F0lBNqHFBSNekJynxhOUtCg2Ip5bkBdm4_uIXRR8pkZoFbF4L1nTb85WhHLmEK8AIyGrVHSAuiyu06CEu1r6XRzqJMwU_KZSop7H6U8XpNs0/s200/imgcruxlut.jpg)
4. Igreja Anglicana de Todos os Santos (Melbourne, Austrália) - Cristo crucificado tendo ao seu lado sua Mãe Maria e seu discípulo amado João Evangelista
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPEf-7r61E-8vGiAgP8R9DagaD7FMEVoc91JTa5Wv6fH466t2o5hE-ULfYmXdm9V5uiy-7acLsqN2Qn4Q0g3pnROJFjCCtHOgCLNmGWnWTSy4tuNxnQQsuUuWMMLRDjP-5j65p_Z76epc/s200/imgangl.jpg)
5. Sede da Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Toronto, Canadá) - A Volta de Cristo (cf. Revista Adventista, de Agosto de 2000)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJFpy2wMj2q-TGgQ2GHjO9JnZCQsFQUtRyj9Igj3L5BBdfm51XB0KbSgKdfhyphenhyphenpiY1Ox1xCIpdale3AdamwBVCWnpzKesa0CLWZzIRpKEAt-9P6X2tScGJAv-41G1PwSOjM7MLKKc944Kc/s200/imgadvent.jpg)
6. Sede da Conferência Geral da IASD (Toronto, Canadá) - Cristo Rei ressuscitado - Revista Adventista (ago/2000)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvdRKIvFl_h1AoWFkXmTyc9lwVpQH-HU2llWH2WLIVC0L_8U6rpW2NXz-VoRplNxratU3vDCfOLNgos5yplG8Q-EziXMLJEaaTJwbwgae6GgrafvVrEPV8nDFQoktaW87mMhjfod0maG0/s200/imgadvent2.jpg)
7. Templo Mórmon (Salt Lake City, UT, EUA) - Estátua de um anjo sobre o templo - Revista "Despertai" (08.11.1995)
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III. Conforme o "Minidicionário Soares Amora da Língua Portuguesa" (São Paulo:Saraiva, 18ª ed., 2008):
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2sf_FEl7jj5KgjRxyNXDrCdvEC8uISMLXKy7jzi5g0HKnvmN5PI1D0RJc-hy2Oh5v6nB5oXBv2ykPYn8poWOgvqk-PEG_ILyRHoUQn8DVu8ZCxSyGpYyUAFlKwH1PwKrTsrC2I4gOiq0/s200/cruzgrega.jpg)
- IMAGEM = "1. Figura que representa uma pessoa ou um objeto por meio de desenho, pintura, escultura, etc.; 2. Estampa que representa ordinariamente um assunto religioso; 3. Reflexo no espelho, na água, numa superfície polida; 4. Símbolo, figura".
- ESCULTURA = "1. Arte [humana] de esculpir, estatuária; 2. Obra de escultor".
- ESCULPIR = "1. Gravar, entalhar; 2. Deixar gravado, imprimir".
A partir destes simples conceitos objetivos, é possível afirmar categoricamente que até mesmo uma simples cruz (sem a imagem do crucificado) - confeccionada por arte humana em madeira, ferro ou qualquer outro material que proporcione uma visão em 3ª dimensão (isto é, com altura, largura e profundidade) - pode ser considerada como uma autêntica e legítima "imagem de escultura".
Neste sentido, boa parte das denominações cristãs (inclusive as acima exemplificadas) ostentam esta simples imagem de escultura à vista de todos os seus fiéis:
1. Culto público em uma Igreja Universal do Reino de Deus (Vera Cruz, México)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzNasQMZ70jtCyzUWQUZi6Bvtu2-QZpkLBfcyHuQKb1Iwft56ubQGUsPjn2NhMoFRZXorP0cY7Fr9LNghTJ8hY20wLybKLcIKbjbBFDDGtt9HgNyAJR33B7Pjq9IsvkfofHakei6z82Ig/s200/cruziurd.jpg)
2. Culto público em uma Igreja Metodista (Ubatuba-SP, Brasil)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgWep7ESfAlPiZyBKaT5GRy0dfxWYU5P9XMZoxA7YlAgWQd5OtreOWXC1xfwmvtSPGNoHg9MmICmPOwcQGoUYlSMMN4Av7CORkGbcfsPRjHSiiWZXicnmLzJYYtoHH89mV7XoNWFBnleE4/s200/cruzmetod.jpg)
3. Culto público em uma Igreja Presbiteriana (Bebedouro-Arazede, Portugal)
4. E, para fechar com chave de ouro: Cruz decorada para culto de Páscoa na 1ª Igreja Congregacional de Webster Groves (EUA)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhypM2y_r_SP9TaN3K__0CJNmE3I8uYV3-yYf2iZbRa379o9ksZgw3_-wdkF6WXCkKgTaEMCAJeKygPjqOrK-njcori2KM_e98fRYFN3EST5DzpNp02qg2q6AJgvRRuIcKiIAIbb4GWLUA/s200/cruzcongr.jpg)
e os exemplos poderiam se multiplicar ao infinito...